A comunicação e o seu bolso

Recentemente tivemos uma pane num dos maiores provedores de acesso à internet do estado de São Paulo. Foi manchete em todos os noticiários. O comentário foi que a internet virou necessidade básica, como água, luz e telefone. Sem nos darmos conta, a tecnologia entra em nossas vidas e torna-se parte dela, e do nosso bolso....

Percebemos que com o passar do tempo o salário parece estar menor, não conseguimos fazer tanto quanto antigamente, quando pagávamos tudo e até sobrava um pouco de dinheiro. E hoje falta! Mas muitas vezes não é a renda que diminui, e sim os gastos que aumentam. As despesas que geralmente não conseguimos eliminar são aquelas que se incorporam em nossas vidas. Como a tecnologia.

Até meados de 1995 não gastávamos com internet, poucos tinham celular e também a TV paga, a cabo ou via satélite. Hoje não só usamos muitas tecnologias na área de comunicação, como viraram necessidades básicas. A internet começou com conexão discada, depois banda larga e hoje precisamos cada vez mais de velocidade na rede. O celular, além de ser responsável por uma fatia de nosso orçamento, também gera o gasto com o aparelho em si - sempre "precisamos" de uma aparelho mais moderno, mais leve, menor, com bonito design e com mais funções (eu me pergunto: mas o celular não era apenas para fazer uma ligação telefônica?). Os celulares modernos também demonstram status, esses aparelhos só faltam dar cambalhotas e nós, encantados com a propaganda, "precisamos" acompanhar a tecnologia e periodicamente comprar um novo. E, é claro, lembremos que não somos só nós que "precisamos" deles, nossa família e nossos filhos também precisam, inclusive os filhos pequenos (afinal hoje toda criança "precisa" de celular, se não, como conseguiremos localizá-las?). Isso sem falar na conta de telefone fixo que teve aumentos exponenciais no decorrer dos anos. E também devemos lembrar da TV paga, que virou algo comum na vida das pessoas, que não podem viver sem ela.

A tecnologia chegou para ficar. O mundo sem internet parece impossível de girar, tudo pára. Sem celular então, as pessoas entram em pânico se o aparelho pifar, negócios não são realizados. Tornamo-nos dependentes da tecnologia.

E depois me perguntam por que o dinheiro não dá mais para nada...
Não estou aqui querendo dizer que devemos voltar para trás ou jogar pedras nos avanços tecnológicos. Penso apenas que os gastos com tudo isso devem ser mais racionais. Não se curvar perante os apelos da dramaturgia da propaganda, que diz a todo instante que, se você não tiver determinado produto ou serviço, você é inferior aos que o têm.

O bom senso é tudo. Será que o celular não poderia ser usado apenas para breves recados ao invés de troca de receitas de cozinha? O aparelho que comprou há um ano não pode durar mais um? Será que você vai precisar mesmo ver TV nele?
Quanto à internet, é inegável sua utilidade, mas cuidado com as promessas de velocidade de acesso, onde você apenas paga o preço mais alto e não vê resultado.

Apenas fique atento, não caia nas armadilhas da tecnologia. Ela está aí para lhe auxiliar e não para deixar seu bolso vazio.

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